Concepção e Arquitetura
De concepção europeia, a arena do Corinthians possui traços da escola de arquitetura da Bauhaus, como, por exemplo, a leveza, a simetria retilínea e a funcionalidade, esta última fato essencial para um estádio de futebol que queira ser compatível com as necessidades do século XXI.
Acesso
Na imagem acima à direita, podemos ver a saída da estação do metrô “Corinthians-Itaquera”, lá há uma passarela que passa sobre a Radial Leste e que vai até uma parte do terreno onde será criado o Polo institucional Itaquera. De acordo com a construtora, a distância do estádio em relação à futura estação Itaquera do metrô será de apenas 500 metros.
Na foto à esquerda, em verde e com setas de indicação, provavelmente são as portas de acesso ao estádio. Pela quantidade de acessos a arena será capaz de permitir a entrada ou saída das pessoas em apenas poucos minutos. A Fifa exige uma evacuação muita rápida em caso de pânico em decorrência de qualquer ação, como briga de torcida ou incêndio.
O tempo máximo exigido é de oito minutos.
Segundo o arquiteto, a arena “possuirá uma grande área de escape para eventuais situações de pânico, além de estacionamento: um estacionamento principal, um secundário e um voltado para a mídia.” Serão 2 estacionamentos cobertos (creio que os 2 andares subterrâneos) e 2 descobertos. Ao todo o estacionamento provavelmente contará com 3.500 vagas para veículos (sendo 1000 vagas cobertas e 2500 vagas descobertas), número que atende aos padrões exigidos pela Fifa para jogos de Copa do Mundo. O deslocamento por essas vagas será feito por pistas de sentido único, que facilitam o deslocamento dos veículos.
Acima, à direita, temos uma imagem mostrando, em azul, as áreas de estacionamento. Já a esquerda podemos verificar a parte Oeste da arena, que é o setor mais caro e da fachada. Pela imagem podemos ver que há, logo ao entrar, três andares de escadas rolantes, o que trará um conforto extra para quem puder pagar um pouquinho mais pra ver os jogos. Além disso, provavelmente nesta parte terá também o maior restaurante da arena, o acesso à area de convenções e aos camarotes.
Visibilidade e Conforto
A arena, de formato retangular, foi projetada para deixar a torcida em posição paralela ao campo. Segundo o arquiteto Aníbal Coutinho, “na parte interna, as cadeiras mais próximas ficarão a apenas 7 metros da linha lateral, e a 10 metros da linha de fundo“. Além disso, “65% dos lugares terão visão considerada ótima pela Fifa, uma porcentagem maior do que qualquer estádio da Copa do Mundo da Alemanha.” Esta porcentagem ótima de visibilidade se dá devido, principalmente, a dois fatores: o primeiro é o próprio formato da arena, e o segundo fator é a recomedação da fifa da distância da altura+inclinação entre os degraus da arquibancada.
Segundo o engenheiro Carlos Pereira Magalhães, responsável pela obra, a inclinação das arquibancadas será feita com ângulo suficiente para que os torcedores tenham vista completa do campo, independente da altura em que estejam. Não bastasse isso, para o conforto dos torcedores, ainda “existirão restaurantes, bares, lojas e espaços para eventos”.
Segundo nota do site Lance “No estádio haverá 5 mil lugares VIPs, com áreas com ar-condicionado e restaurantes dedicados a esse público. Nos cantos dos estádios haverá lounges envidraçados, que serão usados especialmente em shows.“
Segundo dados coletados (JornaldoTocantins), a arena terá 120 camarotes, quatro camarotes especiais, com capacidade para até 90 pessoas cada e 15 camarotes para patrocinadores, além de seis mil cadeiras superiores cobertas e dez mil cadeiras padrão cativas. Provavelmente o infográfico da Folha de SP seja o projeto para o Corinthians (82 camarotes, sendo 41 desses com mezanino e capacidade para 12 pessoas) e o Jornal do Tocantins esteja dando as partes provisórias para a Copa de 2014 (120 camarotes).
Segundo o Lance, “O futuro estádio terá mais de 80 oportunidades de negociação, que estão sendo mapeadas por uma empresa especializada. Entre elas, naming rights de várias áreas, como os portões de entrada, camarotes e restaurantes, toda infraestrutura de geração e armazenamento de energia e recurso hídricos, além da tecnologia de informação do local.”
Segurança
Com relação a este tema provavelmente vários fatores atuarão em conjunto. Por exemplo, o formato da arena entraria como primordial para o acesso, como já explicado acima, pois facilitaria o ordenamento da movimentação interna e externa. Já a iluminação ajudaria na segurança pela maior visibilidade nos jogos noturnos. Além disso, segundo Paulo Favero, redator de blog do estadão, “O tema segurança foi pensado justamente para possibilitar essa proximidade do campo. O controle é feito por policiais de dentro do campo e as grades metálicas não obstruem a visão do espectador, mas também podem ser dobradas para frente. Assim, evitam problemas em caso de tumulto, pois não espremem as pessoas. Além disso, retardam qualquer tipo de invasão do gramado“.
Outro fator que o Corinthians busca para melhorar o quesito ‘Segurança’ no estádio é a utilização dos Stewards trabalhando conjuntamente com a Polícia Militar. (Confira as informações sobre os Stewards no Corinthians na nota oficial. aqui Ou você também pode verificar os vídeos sobre os Stewards no SCCP aqui.) Os Stewards são agentes de segurança interna, não-confrontacional e agem como organizadores dentro dos estádios, fazendo com que o local seja um ambiente mais familiar, onde o torcedor é tratado como um cliente e não como um problema. Por último, sobre segurança, e que também pode ser considerado como de conforto, é que os banheiros terão ar-condicionado. Segundo o arquiteto Anibal Coutinho, em ambientes refrigerados as pessoas tendem a ficar mais tranquilas, e por isso as pessoas evitam praticar atos considerados de vandalismo. Um bom exemplo são as estatísticas de segurança no metrô de São Paulo.
Com relação à Segurança VIP da Arena confira o que revelou o Portal2014.
Terreno
Na imagem abaixo podemos conferir que a construção do estádio vai aproveitar o desnível do terreno, fazendo com que o campo de jogo seja abaixo das entradas de acesso do nivel térreo. Assim, o torcedor entra por um setor e, para se acomodar em sua cadeira numerada, desce ou sobe apenas alguns degraus de escada.
Pela figura ao lado podemos ver dois tipos de corte, o longitudinal e o transversal. Pelo corte longitudinal (o primeiro, acima, da figura) podemos ver os subterrâneos norte e sul. Talvez seja o local para entrada nas arquibancadas. Já pelo corte tranversal (1, 2 e 3) as partes visíveis são o lado leste e oeste da arena (o lado oeste está à direita na imagem). Vendo a imagem podemos concluir que a parte oeste, que é a da fachada translúcida e o setor mais caro do estádio, tem maior profundidade. Aí haverão dois estacionamentos subterrâneos e possivelmente será o local dos vestiários e setores da imprensa. A parte mais profunda do terreno será destinada a àrea de serviços. Assim, descrevendo desde a parte de cima do estádio para baixo, temos: “Cobertura, Club, Business-Negócios, Camarotes 2 e 1, Acesso, Estacionamento 1 e 2, Serviços”. Do outro lado, no setor leste (à esquerda na imagem), parece não haver parte subterrânea, ficando mesmo só com as arquibancadas. (Clique na imagem para ver os detalhes de perto).
Outro fato interessante que merece destaque, conforme notícia dada pelo Lance, é que o gramado da arena foi projetado para ficar a 777 metros do nível do mar. A distância remete ao número da rua São Jorge, onde está localizada a sede do clube e o estádio Alfredo Schurig, mais conhecido como Fazendinha.
Projeto
Segundo Paulo Favero (deixo em aspas as palavras dele, porque estão muito bem explicadas): “O projeto está sendo feito por dois escritórios de arquitetura do Rio de Janeiro, o Coutinho, Diegues e Cordeiro, e o DDG. Também foi feita uma parceria com o escritório alemão Werner Sobek, que fez cálculos estruturais na Alemanha e ficou responsável pela tecnologia de sustentabilidade e racionalidade de energia.
A ideia é resolver problemas técnicos sem grande custo. Ainda do lado ambiental, o entorno do estádio terá o plantio de muitas árvores, além do uso de piso drenante, para evitar problemas com o acúmulo de água.
O escritório alemão Werner Sobek foi também contratado pelo Corinthians para desenvolver o projeto estrutural da cobertura e da fachada. Trata-se do mais avançado centro europeu de soluções arrojadas e econômicas, que aportam modernidade aos estádios do Século XXI.”
Na foto ao lado podemos perceber, em vermelho, as arquibancadas móveis, que serão de metal (provavelmente aço) e ficarão atrás dos dois gols. Possibilitando ao estádio chegar aos 68 mil lugares recomendados para a abertura da Copa 2014.
Ainda de acordo com artigo da Odebrecht, a arena, de formato retangular, terá cobertura de 7 mil t sem, contudo, parecer pesado. “A arena terá leveza, como se estivesse pairando, sustentada pelo ar. Terá monumentalidade”, salienta Rosenberg. A estrutura é vazada de norte a sul; a oeste será construído um prédio que abrigará camarotes, estacionamento e áreas de serviço, entre outras instalações. A leste, na mesma altura que o prédio oeste, ficará uma das arquibancadas. As outras, com altura menor, ficarão atrás dos gols. “São mais de 48 mil assentos ao todo, divididos entre arquibancadas, camarotes e áreas vip”, explica Frederico Barbosa, Gerente de Operações do contrato.
Ventilação
Essa parte do projeto é muito importante. Um dos problemas mais comuns em estádios antigos é a falta de vento no gramado, e isso faz com que a grama apodreça mais rapidamente. Assim, os arquitetos deveriam encontar uma solução prática, sem esquecer das razões estéticas. Para resolver isso a arena possuirá uma cobertura fixa, com design leve e perfil aerodinâmico calculado em túnel de vento, o que permitirá a circulação de ar bem equilibrada e também refrescar os torcedores, principalmente no verão. Pela imagens acima, podemos perceber os dois grandes vãos atrás dos gols, e também um espaço aberto entre a cobertura e as arquibancadas.
Iluminação e Som
Não sei como anda agora, mas em 2009 a Fifa exigia uma iluminação de 2.500 luxes no gramado.
Hoje, a média dos estádios brasileiros ainda é de 600 luxes. Com relação à iluminação natural do sol e a sombra que faz no campo, o campo de jogo ficará no eixo norte-sul, para que o sol não atrapalhe nenhuma das equipes durante os jogos.
Assim como o item “iluminação” também o item “som” é de extrema importância para a concepção da arena, pois fazem parte, além das recomendações FIFA, do Relatório de Impacto de Vizinhança do município.
Neste relatório constam as precauções mostradas na imagem ao lado, a saber, a iluminação artificial e a propagação de som não podem interferir nos seus arredores, ou seja, a iluminação tem de focar dentro do estádio, principalmente o campo de jogo, enquanto o som, reverberado, tem de ser menor quanto mais próximo do solo da vizinhança.
Além da localização do terreno de Itaquera ser privilegiada quanto a tais precauções, nossa arena estará também adequada ao padrão FIFA. Bom para o Corinthians, bom para a vizinhança.
Fachada Translúcida
O conceito da fachada translúcida no setor oeste da arena se deu provavelmente por considerar a necessidade de combinar iluminação natural com beleza, conforto térmico e estética diferenciada. A iluminação natural, atravessando a fachada, faz com que se elimine o uso da maioria das lâmpadas internas, economizando energia com retorno do investimento em pouco tempo. Ainda não tenho certeza se o material utilizado na fachada será de policarbonato ou um tipo de vidro compósito. Mas você pode dar uma olhada em alguns ótimos artigos que encontrei num site sobre arquitetura, que explica bem o assunto. Aqui
Ainda, segundo notícia do Diario de SP (aqui), a fachada terá quase 200 metros de largura. E o arquiteto Aníbal Coutinho completa: “Quem passar pela Radial Leste terá a chance de ver o movimento das pessoas circulando dentro do estádio. Tudo por causa do vidro translúcido”. E, segundo a Folha de SP, a fachada terá células fotovoltaicas, tecnologia que será usada para transformar luz solar em energia para o ar-condicionado e assim resfriar o interior.
Estrutura
O seguinte trecho, em aspas, foi escrito pela redação do portal Terra. Veja o que diz no texto:
“A Fifa fez elogios à opção por estruturas metálicas no lugar das tubulares da nova arena do Corinthians, provável sede de São Paulo e palco da abertura da Copa do Mundo de 2014.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira, técnicos da entidade máxima do futebol mundial aprovaram a iniciativa alvinegra para atingir a capacidade máxima (65 mil lugares) e receber a partida inaugural.
Segundo os especialistas, além da alta qualidade, a estrutura metálica não permite que os espectadores que acompanharão
os jogos pela TV percebam onde termina a estrutura permanente e em que ponto começa a temporária.
De acordo com a publicação, um bom exemplo usado pelos técnicos da Fifa e que deve inspirar o Corinthians na construção é a arena da Cidade do Cabo, usada na Copa do Mundo da África do Sul.”
Quanto às arquibancadas desmontáveis , elas serão instaladas atrás dos gols, nos setores sul e norte. A estrutura é feita de perfis metálicos aparafusados, com degraus de concreto pré-fabricado.
“São arquibancadas com um padrão excepcional. Há vários fabricantes, principalmente os americanos, que fornecem para o Super Bowl”, diz Coutinho.
Construção e Cobertura
Parte importante do projeto executivo é que a construção da edificação pode ser feita em módulos. Assim, como a área do terreno é bastante ampla, há espaço suficiente para que partes inteiras sejam moldadas em concreto e depois colocadas de pé.
Sobre este assunto, veja o que diz o artigo escrito por Maggi Krause, no site “Planeta Sustentavel”, da Abril:
“A filial brasileira de Werner Sobek acaba de ser instalada em São Paulo, dirigida pelo engenheiro Jörg Spanenberg. Sua primeira tarefa é o novo estádio do Corinthians, em Itaquera, projeto pilotado pelo arquiteto Aníbal Coutinho, da CDC Arquitetos.“Seu telhado imenso em balanço e os grandes vãos representam um desafio…Ali serão utilizados materiais que geram leveza e eficiência na edificação”, explica o engenheiro Wolfgang Sundermann, diretor- executivo da empresa fundada em 1992, que veio à capital paulista em novembro. Pela primeira vez, o conceito do Triple Zero ® será aplicado num projeto no Brasil.
“O foco principal é o uso de materiais de construção locais”, comenta o engenheiro. Muitas vezes, a equipe de Sobek resolve a parte de engenharia e sustentabilidade de projetos feitos por outros escritórios de arquitetura, e, nas obras pelo mundo, a tendência é o investimento em construção leve.
Ela se caracteriza pelo mínimo uso de estrutura que suporte peso e pelo ‘envelope’ do edifício. “Esse tipo de construção requer engenharia sofisticada e profundo conhecimento de materiais”, descreve Sundermann. “Em prédios altos, se nota uma série de efeitos. Com a redução do peso de telhados, os elementos que os suportam, como colunas e paredes, e as fundações são otimizados, provocando um corte significativo nos custos.” Traduzindo em termos sustentáveis: recursos naturais são preservados e há menos energia aprisionada na forma de materiais construtivos.”“
Segundo entrevista concedida por Werner Sobek ao R7: “o telhado não possui um anel de tensão ou compressão, mas apresenta uma solução um tanto retilínea para cobrir dois vãos grandes. Estamos trabalhando em uma estrutura translúcida e bem ampla, que não somente será de tirar o fôlego de tão bonita, mas também uma construção muito econômica.”
Assim, além de dar uma cara totalmente paulistana ao projeto, visto a semelhança com o grande vão retilíneo do MASP, o projeto do estádio ainda inclui cobertura em 85% dos assentos, ou seja, para 41 mil pessoas.
Microclima
O espelho d’água (lado esquerdo da foto ao lado), que está no setor Oeste, à frente da grande fachada de vidro, serve para umidificar o micro clima, evitar as ondas de calor e assim podemos perceber o interesse por fazer do estadio um lugar de conforto.
Sobre este assunto o artigo escrito por Maggi Krause também revela mais detalhes importantes:
“Outra atitude de vanguarda do escritório é o estudo detalhado do microclima para ajudar a planejar desde casas a bairros inteiros. “Com auxílio de um software, temos um modelo completo do prédio e de seu entorno. Isso permite simular com realismo as condições ambientais que afetam o edifício e a região, como a radiação solar e a velocidade do vento”, conta Sundermann. Pessoas programadas por computador caminham nesse ambiente virtual e o software registra detalhes como a temperatura da pele, a percepção de umidade e a brisa no rosto! Saber o que acontece com os usuários permite prever sombreamento e ventilação adequados, por exemplo. “Também ajuda a checar e apurar os elementos de desenho arquitetônico, o que contribui para a sustentabilidade”, conclui. ”
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